segunda-feira, 5 de maio de 2014

Texto retirado do blog:http://limposporhoje.blogspot.com.br/

Ontem, conversando com uma irmã de um adicto que está na ativa, fui 
perguntado: "-Por que o viciado em drogas tem hora que escolhe se 
recuperar e às vezes, na mesma hora, escolhe se drogar?". Eu respondi:
"Simples! Ele ainda tem opção. É uma escolha dele!"
Aparentemente, a resposta veio meio que abrupta, áspera, violenta, mas
não foi essa a intenção e depois, mais detalhadamente, expliquei.
Tempos atrás, assisti uma temática sobre “DECISÕES E ESCOLHAS”. Existe 
uma grande diferença entre escolha e decisão. Todos nós estamos 
acostumados a fazermos escolhas e mais escolhas. A humanidade se acostumou
à filosofia de que temos o direito de fazermos nossas escolhas. É claro 
que temos o direito de fazermos nossas escolhas. Somos totalmente livres 
e há momentos em que realmente devemos fazer escolhas, mas há momentos em 
que devemos tomar decisões. Essa história de que “faço minha escolha e se 
não der certo, faço outra escolha”, isso tem um impacto enorme em nossas 
vidas, principalmente quando não necessitamos de escolhas e sim de decisões.
Todos os dias nós fazemos escolhas. Escolhemos uma roupa para vestir. 
Escolhemos um sapato para calçar. Escolhemos qual canal de televisão assistir. 
Às vezes temos o direito de escolher o que comer ou o que beber. Se vamos 
comprar uma roupa, escolhemos antes.
Entretanto, decisão é totalmente diferente. Decisão não deixa espaço para 
escolhas. Quando decidimos, eliminamos escolhas. Decisão é completamente 
diferente de escolhas. No exemplo de comprarmos uma roupa, escolhemos a roupa
e depois decidimos a forma de pagamento (se avista, cartão, cheque, etc). 
Depois de efetuada a compra já não tem como escolher novamente a forma de 
pagamento. Isso é tomar decisão.
Alguns momentos são decisivos em nossa vida. O Curso universitário, quando 
decidimos a profissão que vamos seguir carreira. O marido/esposa com quem vamos 
constituir família. O momento de ter o primeiro filho. Nessas horas, geralmente 
estamos diante de dois ou mais caminhos. E precisamos tomar uma decisão. 
Recorremos à lógica, às emoções, aos amigos, aos pais, a qualquer um com um 
“pitaco” a oferecer. E, enfim, escolhemos a quem recorrer para ver qual decisão tomar.
Do mesmo jeito é com a dependência química. Passamos horas de nossas vidas 
escolhendo as substâncias, escolhendo as companhias, escolhendo o modo de usar, 
escolhendo os locais de usar. Em certo momento, as coisas não ficam tão boas para 
nós, que procuramos abandonar as drogas e fazemos a escolha de não usar nunca mais.
Não funcionou! Não funcionou porque o “nunca mais” para um adicto é muito tempo e 
também porque ele tem a escolha como aliada dele. Ou seja, ele tem opção de continuar
usando “moderadamente”, como ele imagina conseguir.
Daí ele escolhe usar só mais uma vez e com o passar do tempo, novamente as consequências
não são agradáveis e logo ele escolhe outra substância, na tentativa de diminuir os danos. 
Ele pensa que trocando uma substância por outra, poderá controlar seu uso. Escolhe outras 
pessoas para usar juntos, na tentativa de encontrar alguém que use moderadamente. 
Escolhe outras maneiras de usar, por exemplo, deixando de usar (crack) no cachimbo para
usar “mesclado” com cigarro ou maconha.

Enfim, ele faz mil e uma escolhas, mas continua usando... E continua tendo danos. Até o 
dia em que, como eu, não tiver mais escolhas. Até o dia em que, como eu, tomar uma decisão.
E que decisão é essa?? Evitar, só por hoje, o primeiro gole, a primeira droga, o primeiro 
crime, a primeira má intenção.
Eu não escolhi parar de usar...eu decidi não mais usar!
Decidi admitir que sou impotente perante as drogas.
Eu decidi dar um rumo à minha vida, já que admiti que ela estava sem controle.
Decidi acreditar que somente Um Poder Superior poderia me devolver a sanidade.
Decidi entregar minha vida e minha vontade aos cuidados Dele.
Decidi inventariar minha vida e admitir a natureza exata de minhas falhas.
Decidi me prontificar a deixar que Deus removesse minhas falhas e minhas imperfeições, 
apesar de que são muitas e que ainda tenho bastante. Mas quando me prontifiquei, já fui 
trabalhado demais por Ele.
Decidi fazer reparações e admitir meus erros.
Decidi procurar a vontade do Poder Superior em relação a mim e praticar essa Vontade em 
todas as minhas épocas e lugares.
Decidi compartilhar minha experiência com outros adictos, afim manter a minha recuperação 
e ajudar outros a alcançarem a sobriedade.
Essa decisão deu-se por eu não haver mais escolhas. Eu tive que realmente decidir entre 
continuar usando ou continuar vivo. Não me restava outra opção. Apenas essas duas.
Só por hoje, me dou o luxo de ter escolhas, como sentar num restaurante e pedir um suco 
ou uma água mineral. Só por hoje me dou o luxo de escolher dizer “não” às drogas.
Só por hoje, estou decidido a continuar limpo, um dia de cada vez.
Que O PODER SUPERIOR continue iluminando cada um de vocês!
Bons momentos, repletos de Serenidade, Sabedoria e Sobriedade.
Até o nosso próximo contato.
Continuo sendo o Júnior, um adicto em recuperação, Limpo, só por hoje!


Um comentário:

  1. lendo o texto e relendo minha postagem fiquei feliz por ter decidido algo em minha vida, como escrevi no blog segue: "O que sei e já decidi é que não vou nunca mais abrigar uma pessoa debaixo do mesmo teto que não consiga ter vida própria, que não compreenda que a felicidade depende dela e de mais ninguém, não quero um filho como marido, quero um companheiro que divida e some, e não me tenha como a responsável por sua felicidade e recuperação, seja com um adicto ou não."

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