terça-feira, 15 de abril de 2014

Adicto: ser ou não ser, eis a questão!

A negação é o grande inimigo da busca pela recuperação, porque, muitos se agarram ao fato de que não passaram pelas mesmas misérias que outros vivenciaram. E, se questionam se são adictos ou não. Alegam que são diferentes, conseguem controlar o uso, e que não estão no fundo do poço. Porém, quem não tem problemas com drogas, não questiona se é ou não um dependente químico, a vida simplesmente segue, sem interrupções. Começamos a perceber que estamos perdendo espaço, e estamos sob o domínio da adicção, quando as nossas vidas estagnam, e o que era legal e empolgante, só traz arrependimentos e dores. O que estes adictos precisam entender, é que a adicção é uma doença progressiva, e que, o seu estágio independe do tempo, quantidade ou qualidade de drogas que usam. Literalmente, o estágio da doença, não está associado a questões e condições de uso; porque, na verdade, o maior fundo de poço que um dependente químico pode vivenciar, é aquele que rola dentro de si, quando vai á primeira dose, mesmo sem querer usar; então, finalmente, entende que não pode controlar aquilo que é absolutamente incontrolável! São os medos, frustrações e a incapacidade de se aceitar, e viver uma vida em paz, com dignidade, respeito, direção e sentido, que os fazem sentir-se derrotados, e esta consciência de incapacidade de uso, vem de dentro, porque ela é íntima, pessoal e intransferível.

"Eu precisei passar por muitas coisas, até encontrar a rendição, e compreender que não tenho nenhuma condição de usar qualquer tipo de droga. Já estava cansada demais para continuar lutando contra o monstro que existia dentro de mim, que, obsessiva e compulsivamente, exigia cada vez mais doses. Tudo pareceu mais fácil, quando compreendi que não era aquela ultima dose que me arrebentava, mas sim, a “inocente” dose inicial; porque, a partir do momento que usava a primeira dose, não conseguia mais parar. Era uma condição de escravidão, que, só por hoje, não estou mais disposta bancar."

As histórias que envolvem o uso de drogas, obviamente não são iguais. Cada dependente viveu a sua própria lua de mel com o uso, e posteriormente, o caos da chegada ao fundo de poço.
Eu, particularmente, precisei ir bem fundo para admitir a minha impotência perante às drogas. Mas, ninguém precisa perder como eu perdi, ou passar por momentos de desespero como passei. A recuperação é possível à todos, basta querer!

Darléa Zacharias

Nenhum comentário:

Postar um comentário