quinta-feira, 14 de junho de 2012
Faça a sua parte...
Um homem morava numa cidade grande e trabalhava numa fábrica.
Todos os dias ele pegava o ônibus das 6h e 15min e viajava
50 minutos até o trabalho. À tardinha, fazia a mesma coisa,
voltando para casa.
No ponto seguinte ao que o homem subia, entrava uma velhinha,
que procurava sempre sentar na janela. Abria a bolsa, tirava
um pacotinho e passagem a viagem toda jogando alguma coisa
para fora do ônibus.
Um dia, o homem reparou na cena. Ficou curioso. No dia seguinte,
a mesma coisa. Certa vez, o homem sentou-se ao lado da velhinha
e não resistiu:
- Bom dia, desculpe a curiosidade, mas o que a senhora está
jogando pela janela?
- Sementes? Sementes de quê?
- De flores. É que eu viajo nesse ônibus todos os dias. Olho
para fora e a estrada é tão vazia. E gostaria de poder viajar
vendo flores coloridas por todo o caminho...Imagine como
seria bom!
- Mas a senhora não vê que as sementes caem no asfalto, são
esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos?
A senhora acha que essas flores vão nascer aí, na beira da estrada?
- Acho, meu filho. Mesmo que muitas sejam perdidas, algumas sementes
certamente acabam caindo na terra e com certeza com o tempo vão brotar.
- Mesmo assim, demoram pra crescer e precisam de água...
- Ah, eu faço a minha parte. Sempre há dias de chuva, e além disso,
apesar da demora eu faço a minha parte. Se eu não jogar as sementes,
as flores nunca vão nascer.
Dizendo isso, a velhinha virou-se para a janela e recomeçou seu
'trabalho'. O homem desceu logo adiante, achando que a velhinha já
estava meio caduca. O tempo passou. Um dia, no mesmo ônibus, sentado
à janela, o homem levou um susto... Olhou para fora e viu margaridas,
hortênsias azuis, rosas, cravos e dálias à beira da estrada. A paisagem
estava colorida, perfumada, linda! O homem lembrou-se da velhinha,
procurou-a no ônibus e...nada! Acabou perguntando para o cobrador, que
conhecia todo mundo.
- A velhinha das sementes? Pois pé, morreu de pneumonia no mês passado.
O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida
pela janela e sentiu uma lágrima correr pelo rosto, e um sorriso
desabrochar em sua face... "Quem diria! As flores brotaram mesmo." Mas
pensando bem, o que adiantou o trabalho da velhinha, a coitada morreu e
não pôde ver esta beleza toda que ela fora a responsável."
Nesse instante, o homem ouviu atrás de si uma gostosa risada de criança...
No banco de trás, uma garotinha apontava pela janela entusiasmada:
- Olha mamãe, que lindo, quanta flor na estrada! Como se chamam aquelas
azuis? E as brancas?
Então o homem entendeu o que a velhinha tinha feito. Mesmo não estando
ali para contemplar as flores que tinha plantado, a velhinha devia estar
feliz. Afinal, ela tinha dado um presente maravilhoso para as pessoas.
No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se a uma janela, e com
um sorriso maroto nos lábios, tirou um pacotinho do bolso e..."
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